quarta-feira, 8 de junho de 2022

Caitité - Minas de Urânio - Casos de Câncer

Desde janeiro de 2000, a empresa estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) –controlada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) – explora minas de urânio na região dos municípios baianos de Caetité e Lagoa Real. Este urânio é depois transportado em caminhões até o porto de Salvador, de onde segue até o Canadá e, em seguida, para a Holanda, Alemanha e Inglaterra, para diferentes etapas de beneficiamento, antes de retornar ao Estado do Rio de Janeiro. Em Resende, é transformado em combustível, que é finalmente utilizado pelas usinas nucleares de Angra I e II, localizadas em Angra dos Reis/RJ. Segundo o relatório “Ciclo do Perigo”, organizado pelo Greenpeace em 2008, foi verificada a contaminação de poços de água de consumo humano localizados a 20km da área de mineração em Caetité, o que indicaria um dos mais graves impactos da exploração de urânio na localidade.

De acordo com Zoraide Vilasboas para a Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA), trata-se de uma tecnologia nuclear cara e perigosa, que produz resíduos contaminantes que perduram pelo menos por 50 mil anos, e para o qual nenhum país no mundo encontrou solução. Na [Unidade de Concentrado de Urânio] URA/Caetité, esses resíduos ficam provisoriamente em barris abertos, corroídos, expostos aos fortes aguaceiros da época das chuvas, o que aumenta o perigo de contaminação das águas superficiais e subterrâneas.

A autorização trouxe de volta à memória de quem vive nos municípios de Caetité e Lagoa Real problemas graves ligados à mineração do material radioativo. Autoridades denunciam casos de câncer na população local provocados pelo contato com a radiação e danos ainda pouco conhecidos ao meio ambiente.

Como a mineração de urânio implica riscos à saúde, era de se esperar que os municípios da região tivessem uma infraestrutura capaz de prevenir e tratar casos de câncer e outros problemas relacionados à radiação. Não é o que acontece em Caetité e Lagoa Real.

É comum que moradores percorram centenas de quilômetros em busca do tratamento de câncer. Muitos são forçados a viajar os mais de 600 km até Salvador. O anúncio da construção do centro especializado em oncologia, feito em setembro de 2019, só veio depois de muita insistência da população. Mas a maioria dos casos na população não recebe assistência da Empresa exploradora de urânio.


Fontes do Texto: 

BA - Exploração de Urânio no sudoeste da Bahia envolve licenciamentos obscuros, contaminação, riscos à saúde e falta de transparência na fiscalização da política e da produção nuclear brasileiras - Mapa de Conflitos Envolvendo Injustiça Ambiental e Saúde no Brasil (fiocruz.br)

Mineração de urânio no sertão da Bahia traz à tona memória de contaminação - BBC News Brasil

Programa Diálogos: qual caminho seguir? Apresentado por Pe Mauro dia 19 de maio na TV Aparecida.


Fonte da Imagem:

Mineração de urânio em Caetité deve ser retomada pelo governo - Notícia - Municípios - Bahia Notícias (bahianoticias.com.br)

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Estudo de Comparação de Genes em Humanos e Primatas

Uma nova pesquisa feita pelo Memorial Sloan Kettering Cancer Center (EUA) e publicada na revista científica Cell Reports sugere que uma pequena mudança no DNA deixou o ser humano mais propenso ao desenvolvimento de câncer.

O estudo partiu da constatação de que a doença é relativamente rara em outros primatas. Autópsias feitas em 971 primatas não humanos que morreram no Zoológico da Filadélfia, na Pensilvânia, entre 1901 e 1932, descobriram que apenas oito tinham tumores.

O que, então, teria mudado para a incidência de câncer seja hoje tão frequente em humanos?

Comparação de genes

Para o estudo, os pesquisadores compararam centenas de genes entre humanos e 12 espécies de primatas não humanos.

Eles descobriram que evoluímos uma versão ligeiramente diferente de um gene chamado BRCA2, que é conhecido pela supressão de tumor porque está envolvido no reparo do DNA.

No entanto, os pesquisadores descobriram que uma única mudança de letra de DNA no gene BRCA2 humano fez com que ele se tornasse 20% menos capaz na reparação do nosso material genético, quando comparado com outras versões primatas do gene. Isso explicaria as altas taxas de câncer entre humanos.

De acordo com os autores do estudo, não está claro por que o BRCA2  evoluiu para se tornar menos ativo em humanos do que em outros primatas.

Uma possibilidade, segundo a cientista Christine Iacobuzio-Donahue , envolvida no estudo, é que a atividade reduzida de BRCA2 tenha sido selecionada em humanos para aumentar a fertilidade, uma vez que pesquisas mostram que mulheres com variantes de BRCA2 ligadas ao câncer parecem engravidar mais facilmente.

BRCA1 (Gene BReast CAncer 1) e BRCA2 (gene BReast CAncer 2) são genes que produzem proteínas que ajudam a reparar DNA danificado. Todos têm duas cópias de cada um desses genes — uma cópia herdada de cada pai. BRCA1 e BRCA2 são às vezes chamados de genes supressores de tumores porque quando eles têm certas alterações, chamadas variantes prejudiciais (ou patogênicas) (ou mutações), o câncer pode se desenvolver.

Pessoas que herdam variantes prejudiciais em um desses genes têm aumentado os riscos de vários cânceres — mais notavelmente câncer de mama e ovário, mas também vários tipos adicionais de câncer. Pessoas que herdaram uma variante prejudicial no BRCA1 e BRCA2 também tendem a desenvolver câncer em idades mais jovens do que pessoas que não têm essa variante.

Quem deve considerar aconselhamento genético e testes para variantes BRCA1 e BRCA2?

Qualquer pessoa que esteja preocupada com a possibilidade de ter uma variante prejudicial no gene BRCA1 ou BRCA2 deve discutir suas preocupações com seu profissional de saúde ou um conselheiro genético.

Testes estão disponíveis para ver se alguém herdou uma variante prejudicial no BRCA1 e BRCA2. No entanto, os testes não são recomendados atualmente para o público em geral. Em vez disso, grupos de especialistas recomendam que os testes sejam focados naqueles que têm maior probabilidade de transportar uma variante BRCA1 ou BRCA2 prejudicial, como aqueles que têm histórico familiar de certos cânceres. Os testes podem ser apropriados tanto para pessoas sem câncer quanto para pessoas que foram diagnosticadas com câncer. Se alguém sabe que tem uma mutação em um desses genes, pode tomar medidas para reduzir seu risco ou detectar o câncer precocemente. E se eles têm câncer, as informações sobre sua mutação podem ser importantes para selecionar o tratamento.

A ideia dos pesquisadores é que desbravando mais sobre essa mutação ajuda que hajam futuras pesquisas que possam desenvolver novos tratamentos contra o câncer.

Por exemplo, em abril deste ano, uma equipe do Cambridge University Hospitals (Reino Unido) foi capaz de mapear o genoma dos tumores em cerca de 12 mil pessoas, permitindo a descoberta de outros padrões genéticos do câncer. 

O primeiro gene de predisposição ao câncer de mama mapeado foi o BRCA1 (1994) e está localizado no braço longo do cromossomo 17. No ano seguinte, o segundo gene de susceptibilidade, o BRCA2, foi mapeado no braço curto do cromossomo 13. Os genes BRCA1 e 2 atuam como genes de supressão tumoral suprimindo indiretamente o crescimento neoplásico, codificando proteínas que atuam no reparo e manutenção da integridade do genoma humano (DNA).

A literatura demonstra claramente que portadoras de mutações deletérias nesses genes apresentam maior incidência de câncer de mama-ovário quando comparadas à população em geral.
Estima-se que para portadoras da mutação BRCA1, o risco de desenvolver câncer de mama está em torno de 50-75% e para portadoras da mutação BRCA2, o risco é 33-54%. Para o câncer de ovário, o risco de desenvolver a doença é de 22-51% para portadoras da mutação BRCA1 e 4-21% para BRCA2.




Fontes do Texto:

G1 - Genes explicam por que homem tem mais câncer que macaco, diz estudo - notícias em Ciência e Saúde (globo.com)

Mutações genéticas BRCA: Risk cancer and Genetic Testing Fact Sheet - NCI

Mudança no DNA torna ser humano mais propenso ao câncer; entenda (olhardigital.com.br)

MUTAÇÕES DOS GENES BRCA1 e BRCA2 - Notícias - Laboratório Búrigo (laboratorioburigo.com.br)

Fonte da Imagem:

O gene BRCA e sua relação com o Câncer de Mama - Genera


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