sexta-feira, 15 de maio de 2020

Alto índice de agricultores gaúchos doentes põe agrotóxicos em xeque

O agricultor Atílio Marques da Rosa, de 76 anos, andava de moto quando sentiu uma forte tontura e caiu na frente de casa em Braga, uma cidadezinha de menos de 4 mil habitantes no interior do Rio Grande do Sul.
"A tontura reapareceu depois, e os exames mostraram o câncer", conta o filho Osmar Marques da Rosa, de 55 anos, que também é agricultor.
Seu Atílio foi diagnosticado há um ano com um tumor na cabeça, localizado entre o cérebro e os olhos. Por causa da doença, já não trabalha em sua pequena propriedade, na qual produzia milho e mandioca.
Para ele, o câncer tem origem: o contato com agrotóxicos, produtos químicos usados para matar insetos ou plantas dos quais o Brasil é líder mundial em consumo desde 2009.
"Meu pai acusa muito esse negócio de veneno. Ele nunca usou, mas as fazendas vizinhas sempre pulverizavam a soja com avião e tudo", diz Osmar.
O noroeste gaúcho, onde seu Atílio mora, é campeão nacional no uso de agrotóxicos, segundo um mapa do Laboratório de Geografia Agrária da USP, elaborado a partir de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para especialistas que lidam com o problema localmente, não há dúvidas sobre a relação entre o veneno e a doença.
"Diversos estudos apontam a relação do uso de agrotóxicos com o câncer", diz o oncologista Fábio Franke, coordenador do Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) do Hospital de Caridade de Ijuí, que atende 120 municípios da região.
O glifosato é o agrotóxico mais usado no país, e fabricado pela Monsanto, que rechaça a relação do uso do produto com a doença.
A empresa diz tratar-se de "um dos herbicidas mais usados no mundo, por mais de 40 anos e em mais de 160 países", e que "nenhuma associação do glifosato com essas doenças é apoiada por testes de toxicologia, experimentação ou observações".
Já o Sindiveg (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal), que representa os fabricantes de agrotóxicos, encaminhou o questionamento da BBC Brasil para a Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal), que responde basicamente pelas mesmas empresas.
Em nota, a Andef afirma que "toda substância química, sintetizada em laboratório ou mesmo aquelas encontradas na natureza, pode ser considerada um agente tóxico" e que os riscos à saúde dependem "das condições de exposição, que incluem: a dose (quantidade de ingestão ou contato), o tempo, a frequência etc.".

Um dos principais problemas é que boa parte dos trabalhadores não segue as instruções técnicas para o manejo das substâncias. Sem falar nos agrotóxicos que vão parar nos lençõis freáticos, nos rios, a nossa volta, em nossa comida. 

Há várias fontes no Scielo que comprovam a característica cancerígena do Glifosato.

sábado, 2 de maio de 2020

O Nosso Sistema Imunológico sob Novas Perspectivas

Uma equipe de cientistas da Universidade de Cardiff, no País de Gales, desenvolveu um método em laboratório que destrói o câncer de próstata, mama, pulmão e outros tipos.
Os achados, divulgados na publicação científica Nature Immunology, ainda não foram testados em pacientes, mas têm um "enorme potencial", afirmam os pesquisadores.

O que eles descobriram?

Nosso sistema imunológico é a defesa natural do corpo contra infecções, mas ele também ataca células cancerosas.
Eles encontraram uma célula-T (ou linfócito T) com um novo tipo de "receptor" que identifica e ataca células cancerosas, ignorando as saudáveis.
A diferença nesta célula imunológica é que ela pode escanear o corpo em busca de ameaças que devem ser eliminadas e atacar uma ampla variedade de cânceres.
"Há uma possibilidade de que ele possa tratar todos os pacientes", afirmou o professor Andrew Sewell à BBC. "Antes ninguém acreditava que isso fosse possível."

Como ela funciona?

As células T têm "receptores" na superfície que permitem a elas "enxergar" em um nível químico.
Os pesquisadores da Universidade de Cardiff descobriram que a célula T e seu receptor podem encontrar e destruir uma gama de células cancerosas no pulmão, na pele, no sangue, no cólon, na mama, nos ossos, na próstata, no ovário, no rim e na coluna cervical.
E fazem isso deixando intocados os tecidos "normais".
Esse receptor da célula T em particular interage com uma molécula chamada MR1, presente na superfície de todas as células do corpo humano.
Acredita-se que a MR1 seja a responsável por sinalizar ao sistema imunológico o metabolismo disfuncional em curso dentro de uma célula cancerosa.
"Somos os primeiros a descrever a célula T que encontra o MR1 nas células cancerosas — isso não tinha sido feito antes, foi a primeira vez", disse à BBC o pesquisador Garry Dolton.

Por que essa descoberta é relevante?

Terapias com células T já existem e o desenvolvimento de imunoterapias contra o câncer tem sido um dos avanços mais empolgantes nesse campo.
O mais famoso exemplo é o chamado CAR-T, uma droga viva produzida por meio de engenharia genética em células T para procurarem e destruírem o câncer.
O CAR-T pode trazer resultados incríveis que levam alguns pacientes do estágio de doença terminal para a completa remissão.
Essa abordagem é, no entanto, extremamente específica e funciona com apenas um número limitado de cânceres onde há um alvo claro para treinar a "mira" das células T.


Em fevereiro eu postei uma pesquisa sobre as células cart T, que foi citado nesta postagem:

Artigo sobre Chlorpirifós

Nos últimos anos, tenho me dedicado a pesquisa sobre os pesticidas, principalmente no cultivo de café, que é o principal cultivo na minha re...