quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Talco da Johnson's e o perigo da contaminação com Amianto

O anúncio ocorre mais de dois anos depois que a gigante da saúde encerrou as vendas do produto nos EUA.

A J&J enfrenta dezenas de milhares de processos de mulheres que alegam que seu pó de talco continha amianto e as levou a desenvolver câncer de ovário.

O talco para bebês é usado para prevenir assaduras e para usos cosméticos, inclusive como xampu seco.

O talco é extraído da terra e é encontrado em camadas próximas às do amianto, que é um material conhecido por causar câncer.

Uma investigação de 2018 da agência de notícias Reuters afirmou que a J&J sabia há décadas que o amianto estava presente em seus produtos de talco.

A agência de notícias afirma que registros internos da empresa, depoimentos de julgamentos e outras evidências mostraram que, de pelo menos 1971 até o início dos anos 2000, o talco bruto e os produtos derivados da J&J deram positivo para pequenas quantidades de amianto em alguns testes.

Mas a empresa reiterou sua posição de que décadas de pesquisas independentes mostram que o produto é seguro. "Nossa posição sobre a segurança de nosso talco cosmético permanece inalterada."

"Sustentamos firmemente décadas de análises científicas independentes de especialistas médicos de todo o mundo que confirmam que o talco Johnson's à base de talco é seguro, não contém amianto e não causa câncer", afirmou.

"Como parte de uma avaliação de portfólio mundial, tomamos a decisão comercial de fazer a transição para um portfólio de talco para bebês à base de amido de milho", afirmou em comunicado.

A empresa acrescentou que talco para bebês à base de amido de milho já é vendido em países ao redor do mundo.

Por que o amianto oferece riscos à saúde

O amianto é um mineral que está presente na natureza.

Uma variedade da substância, o amianto branco, é usada na indústria da construção civil nos países em desenvolvimento, mas é proibida na maioria dos países industrializados, devido aos riscos para a saúde.

O amianto é resistente ao calor e ao fogo. Além disso, o material é resistente e barato, por isso pode ser usado de diversas formas. Ele pode ser misturado ao cimento para fabricação de tetos e pisos. Também é utilizado em canos, tetos, freios de veículos, entre outros.

Fragmentos microscópicos de fibras de amianto são potencialmente perigosos quando inalados e podem provocar doenças respiratórias:

  • Câncer de pulmão, que é o mais comum em pessoas expostas ao amianto;
  • Mesotelioma, uma forma de câncer no peito que praticamente só ocorre em pessoas expostas ao amianto;
  • Asbestose, uma doença que causa falta de ar e pode levar a problemas respiratórios mais graves.

O amianto branco, conhecido como crisótilo, é a única forma de amianto usada hoje. A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que a variação também é associada ao mesotelioma e outros tipos de câncer, mas seus produtores dizem que a substância é segura se manejada com cuidado.

Alguns especialistas afirmam que o amianto branco traz menos risco à saúde do que os amiantos azul e marrom, mas mesmo empresas que vendem a substância dizem que os trabalhadores devem evitar inalar o ar com o produto.

A substância é amplamente produzida e usada no Brasil, apesar de alguns esforços isolados para se bani-la. O Brasil é o terceiro maior produtor e exportador de amianto, que é vendido para países como Colômbia e México. O país também é o quinto maior consumidor do produto.

A empresa enfrenta ações judiciais de consumidores e seus sobreviventes que alegam que os produtos de talco da J&J causaram câncer devido à contaminação com amianto.

Em resposta a provas de contaminação por amianto apresentadas em tribunais, reportagens da mídia e legisladores dos EUA, a empresa negou repetidamente as alegações.




Fonte do Texto: Johnson’s vai parar de fabricar talco após processo bilionário: há riscos no uso do produto? - BBC News Brasil

Fonte da Imagem: Google.


sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Exposição Ambiental e Câncer de Fígado

Uma pesquisa da Universidade do Sul da Califórnia, nos Estados Unidos, publicada no JHEP Reports, mostra que um produto químico sintético amplamente encontrado no meio ambiente — o sulfonato de perfluorooctano (PFOS) — pode estar diretamente ligado ao carcinoma hepatocelular não viral, tipo mais comum de câncer de fígado.

Esse químico faz parte de produtos artificiais chamados substâncias per e polifluoroalquil (PFAS), utilizados em uma grande variedade de produtos para garantir características como antiaderência, impermeabilidade e resistência a manchas. Embalagens de fast food, panelas antiaderentes e roupas impermeáveis são exemplos de produtos que podem ter esses químicos.

Além de oferecerem potenciais riscos à saúde, como mostra o estudo americano, os PFOS se decompõem lentamente e se acumulam no meio ambiente e nos tecidos humanos, incluindo o fígado. Pesquisas anteriores, feitas em animais, sugeriram que esses produtos poderiam aumentar o risco de câncer de fígado, mas o estudo divulgado agora é o primeiro a confirmar a associação usando amostras humanas, segundo os autores.

A nova pesquisa, baseada na análise de amostras de sangue, revela que os indivíduos com mais concentração do produto (os 10% maiores) tinham 4,5 vezes mais risco de desenvolverem câncer de fígado do que aqueles com os níveis mais baixos. A avaliação das amostras encontrou evidências de que os PFOS parecem alterar o processo normal do metabolismo da glicose, dos ácidos biliares e de aminoácidos de cadeia ramificada.

Falhas nesses processos podem fazer com que mais gordura se acumule no órgão, uma condição conhecida como doença hepática gordurosa não alcoólica ou DHGNA. "O câncer de fígado é um dos desfechos mais graves na doença hepática, e esse é o primeiro estudo em humanos a mostrar que os PFAS estão associados a essa doença", enfatiza Jesse Goodrich, PhD, estudioso de pós-doutorado no Departamento de População e Ciências da Saúde Pública da Keck School of Medicine.

Veronica Wendy Setiawan, PhD e professora de ciências da população e da saúde pública da Keck School, chama a atenção para a dificuldade em conduzir esse tipo de análise. "Parte da razão pela qual houve poucos estudos em humanos é porque você precisa das amostras certas", explica. "Quando você está olhando para uma exposição ambiental, você precisa de amostras bem antes de um diagnóstico, porque leva tempo para o câncer se desenvolver."

A equipe analisou um repositório de amostras de sangue e tecidos humanos colhidos, a longo prazo, de mais de 200 mil moradores de Los Angeles e Havaí e chegou a 50 participantes que tiveram a doença. Depois, avaliaram as amostras de sangue coletadas antes do diagnóstico da doença e as compararam com 50 colhidas de participantes que não tiveram o tumor.

Os pesquisadores encontraram vários tipos de PFOS nas amostras de sangue que foram coletadas antes do participante desenvolver a doença. A expectativa do grupo é de que o estudo ofereça informações importantes sobre os efeitos de longo prazo desses produtos na saúde humana, especialmente na ocorrência do câncer de fígado. "Esse estudo preenche uma lacuna importante em nossa compreensão das verdadeiras consequências da exposição a esses produtos químicos", finaliza Leda Chatzi, líder da pesquisa.




Fonte do Texto:

Produto químico bem comum é ligado a casos de câncer de fígado - Instituto Oncoguia

Fonte da Imagem: Google.

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Hortaliças Brássicas e o Câncer

É possível que você já tenha reparado que alguns vegetais possuem características bem parecidas (como a mesma cor ou o mesmo formato, por exemplo) e que, muitas vezes, eles podem ser compostos pelos mesmos tipos de nutrientes (minerais, vitaminas etc.). As hortaliças brássicas - ou vegetais crucíferos, como também são chamadas - são um bom exemplo disso. Normalmente, elas possuem o formato de uma cruz em sua superfície, cor esverdeada e nutrientes similares que não podem ficar de fora da nossa rotina alimentar. Mas, afinal, o que são as hortaliças brássicas?

Brócolis, couve, agrião e rúcula são alguns exemplos de hortaliças brássicas

Apesar do nome diferente, as hortaliças brássicas são bem mais comuns do que nós imaginamos! Elas pertencem ao gênero "brassica", referente à família Brassicaceae, a mesma da mostarda, do brócolis, da rúcula e de uma série de vegetais como agrião, repolho, rabanete, acelga, nabo, couve manteiga, couve-flor, couve-de-Bruxelas e wasabi (raiz forte).

Hortaliças brássicas são ricas em sulforafano, substância que ajuda a prevenir doenças como câncer

A presença de sulforafano é apontada como um dos maiores benefícios das hortaliças brássicas. Afinal, a substância possui propriedades anticancerígenas, fazendo com que os vegetais pertencentes a essa família ajudem a prevenir o desenvolvimento de diversos tipos de câncer, como esôfago, cólon, mama, próstata e pulmão.

Grupo de vegetais também é rico em antioxidantes, minerais e vitaminas

As hortaliças brássicas também contam com minerais que ajudam a prevenir outras doenças além do câncer - a exemplo da anemia e da osteoporose -, como o cálcio, o ferro e o potássio. Elas também são ricas em vitaminas A, B e C - essenciais para o bom funcionamento do organismo - e possuem antioxidantes que ajudam a retardar o envelhecimento das células.

Hortaliças brássicas também contam com uma boa quantidade de fibras

O grupo de vegetais também é fonte de fibras alimentares, nutriente essencial para uma alimentação equilibrada. Elas ajudam a diminuir os níveis de açúcar no sangue, a normalizar o colesterol e a regular o sistema digestivo, além de darem a sensação de saciedade, fazendo com que quem consuma se alimente apenas da quantidade necessária para o organismo ficar bem.

Atenção: consumo excessivo de hortaliças brássicas pode desencadear em problemas na tireoide

Mesmo com todos os benefícios proporcionados pelos vegetais, as hortaliças brássicas devem ser consumidas com moderação. Isso porque elas também possuem o isotiocianato em sua composição, um composto químico capaz de inibir a função da tireoide e gerar problemas endocrinológicos como o bócio (inchaço da glândula da garganta).

Cientistas dizem ter descoberto por que algumas verduras e legumes - incluindo repolho, brócolis e couve - podem reduzir o risco de câncer no intestino.

Que os chamados vegetais crucíferos são bons para o intestino, nunca houve dúvida, mas a explicação sempre foi evasiva.

Uma equipe do Francis Crick Institute, centro de pesquisa biomédica, em Londres, descobriu que substâncias químicas anticancerígenas são produzidas quando legumes e verduras desta categoria são digeridos.

A pesquisa se concentrou em investigar como verduras e legumes alteram o revestimento intestinal, a partir da análise de camundongos e intestinos em miniatura criados em laboratório.

Assim como a pele, a superfície do intestino é constantemente regenerada, em um processo que leva de quatro a cinco dias.

Mas essa renovação permanente precisa ser rigidamente controlada, caso contrário, pode levar ao câncer ou inflamação intestinal.

E o estudo, publicado na revista científica Immunity, mostra que substâncias químicas presentes em vegetais crucíferos são vitais nesse processo.

Os pesquisadores investigaram uma substância chamada Indol-3-Carbinol (I3C), produzida a partir da mastigação desses alimentos.

"Certifique-se de que eles não cozinhem demais, nada de brócolis empapado", recomenda a pesquisadora Gitta Stockinger.

A substância é modificada pelo ácido gástrico à medida que continua sua jornada pelo sistema digestivo.

Na parte inferior do intestino, ela pode alterar o comportamento das células-tronco, que regeneram o revestimento intestinal, e das células imunes que controlam as inflamações.

O estudo mostrou que dietas ricas em Indol-3-Carbinol protegiam os ratos do câncer, mesmo aqueles cujos genes indicavam um risco muito alto de desenvolver a doença.

Sem a alimentação protetora, as células do intestino se dividiam descontroladamente.

"Mesmo quando os camundongos começaram a desenvolver tumores, quando trocamos a dieta deles, para uma apropriada, isso impediu a progressão do tumor", acrescenta Stockinger.

Os sintomas de câncer de intestino incluem sinais persistentes de:

  • sangue nas fezes
  • alterações nos hábitos intestinais, como ir ao banheiro com mais frequência
  • dor na barriga, inchaço ou desconforto
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A pesquisadora diz que as descobertas são "motivo de otimismo".

Ela reduziu a quantidade de carne que consome e come agora muito mais legumes e verduras.

"Recebemos um monte de recomendações de dieta que mudam periodicamente. É muito confuso e não fica claro quais são as causas e consequências", avalia.

"Me dizer apenas que é bom para a saúde, sem explicar a razão, não vai me fazer comer determinados alimentos."

"Com esse estudo, vimos como os mecanismos moleculares desse sistema funcionam", completa.

"Esse estudo em camundongos sugere que não é apenas a fibra presente em legumes e verduras, como brócolis e repolho, que ajuda a reduzir o risco de câncer de intestino, mas também as moléculas encontradas nesses vegetais", diz o pesquisador Tim Key, do Cancer Research UK.

"Estudos mais aprofundados ajudarão a descobrir se as moléculas desses alimentos têm o mesmo efeito nas pessoas. Mas, enquanto isso, já existem muitos bons motivos para se comer mais verduras e legumes", acrescenta.



Fonte da Imagem: 

Conheça as hortaliças brássicas e saiba por que acrescentá-las no cardápio

(conquistesuavida.com.br)

Fontes do Texto:

Conheça as hortaliças brássicas e saiba por que acrescentá-las no cardápio (conquistesuavida.com.br)

Como repolho, couve e brócolis ajudam a impedir o surgimento de câncer - BBC News Brasil

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