É o câncer mais comum nas mulheres, sendo também considerado o tumor feminino mais freqüente em todo o mundo. Porém é de baixa freqüência na população masculina, a incidência na maior parte dos países está abaixo de um caso em cada 100.000 pessoas por ano. No Espírito Santo, no ano 2000 foi registrado apenas um caso. Do ponto de vista anátomo-patológico o câncer de mama constitui-se a mesma entidade em homens e mulheres, porém devido aos hormônios femininos há maior facilidade em desenvolver câncer de mama feminino. Nos homens é mais freqüente em portadores de síndrome de klinefelter (anomalia cromossômica com um padrão XXY).
homem que teve cãncer de mama.
As taxas de incidência variam muito entre países, sendo mais altas na América do Norte e na Europa e especialmente baixas no oriente. Os países com maior incidência são Inglaterra, Dinamarca e Escócia, sendo raros na Ásia, apresentando taxas mais baixas na China, Coréia e Tailândia. Dentro dos países europeus existe um padrão norte-sul, com maior freqüência de surgimento de casos nos países da região norte e taxas mais baixas nos países mediterrâneos (APONTE, 2002).
A mama possui entre 15 a 20 secções chamadas lóbulos, conectadas por tubos finos denominados ductos. O desenvolvimento da mama é dependente do estrogênio e são compostas por ductos lobulares, revestidos por epitélio secretor de leite. Os ductos menores convergem para ductos maiores, que por sua vez convergem para o mamilo. Essas estruturas glandulares ficam embebidas em tecido adiposo (COSTANZO, 1999). A progesterona colabora com o estrogênio, ao estimular a atividade secretora dos ductos mamários. Dentre os sintomas de câncer de mama estão dores locais e temperatura mais alta na região específica. Em 90 % dos tumores se desenvolvem o epitélio ductal e o restante corresponde a tumores do epitélio lobular. O câncer lobular é encontrado com mais freqüência em ambas as mamas, comparando-se com os outros tipos de câncer de mama (OLIVEIRA, 1999).
Todos são considerados genéticos, mas nem todos são hereditários. Acredita-se que 90 a 95 % sejam esporádicos e decorram de mutações somáticas que se verificam durante a vida. Considera-se que 5 a 10 % são hereditários devido á herança de uma mutação germinativa ao nascimento, ocorrendo em idades precoces e bilateralmente. Alguns genes defeituosos são mais comuns em determinados grupos étnicos. O câncer de mama hereditário encontra-se freqüentemente relacionado com outros tumores, como ovário, cólon, tireóide e linfático. Estão relacionados a mutações em vários genes, dentre eles, 40% correspondem ao gene BRCA-1 e 35% ao BRCA-2, sendo o restante relacionado ao BRCA-3 e outros genes.
Hortobagyi (1998) apresenta uma revisão do tratamento de câncer de mama, e o autor aponta os seguintes pontos sobre nosso conhecimento atual da biologia dessa doença:
1) A recente identificação e a clonagem dos genes [BRCA1] e [BRCA2] ampliou o conhecimento de câncer de mama familiar. Mutações nesses 2 genes estão associadas com 50 a 85 % de risco vitalício de câncer de mama, ovário ou ambos.
2) Todos os cânceres de mama têm anormalidades genéticas somáticas. Em câncer de mama não-familiar (esporádico) foram identificadas anormalidades em vários genes (por exemplo, [p53]), e em alguns casos, genes normais ou produtos de genes são anormalidades de funções celulares e potenciais patológicos. Porém, o número e tipos de mutações necessários para o desenvolvimento de câncer de mama não-familiar não é conhecido.
3) muitos fatores que estimulam ou inibem crescimento influenciam o crescimento e proliferação de células de câncer de mama, como hormônios esteróides, várias citocinas e linfócitos influenciam o comportamento e expressão de fenótipos das células da mama. O reconhecimento que esses fatores influenciam o crescimento e a disseminação de câncer de mama proporcionou novos objetivos para intervenção terapêutica e preventiva.
4) O câncer de mama também induz a neovascularização (angiogênese), que facilita o processo metastático. A expansão de metástases não é um fenômeno mecânico fortuito, mas requer interação sistêmica entre células da mama, estroma e tecido normal circunvizinho às ambas e da localização primária da metástase. Moléculas de Adesão, mediadores locais, hormônios e fatores de crescimento devem atuar no desenvolvimento das metástases. Com essa informação nova, o diagnóstico e o tratamento mudaram e emergiram novos conceitos biológicos.
Com relação aos fatores de risco, que são as situações que aumentam a chance de uma mulher vir a desenvolver câncer de mama, e são conhecidos vários deles, dos quais estão enumerados abaixo, sendo que alguns ainda estão em estudos (VITAL, 2002):
São considerados como fatores de risco para o surgimento do câncer de mama:
01 – Gravidez Tardia;
02 – Tempo de Amamentação;
Quanto menor o tempo de amamentação.
03 – Medicamento em Longo Prazo;
04 – Idade da Menopausa;
Período tardio da menopausa.
05 – Tratamento com Hormônios Sintéticos;
O período que uma mulher fica exposta ao estímulo estrogênico em fase precoce da vida aumenta o risco.
06 – Anticoncepcional;
Evitar o uso de pílulas anticoncepcionais em mulheres adolescentes, ou tanto quanto possível em qualquer faixa etária, pois o período de exposição ao estrogênio e progesterona sintéticos aumenta o risco de câncer de mama. Mal as meninas entram na menarca, já começam a tomar pílulas anticoncepcionais e um fator ainda mais agravante é que a idade da menarca tem diminuído consideravelmente por conta do estímulo ao sexo, através da mídia.
07 – Fumo;
08 – Álcool;
vários trabalhos de pesquisa com números significativos e acompanhamentos por mais de 10 anos têm mostrado que a bebida alcoólica, independente do tipo, aumenta a incidência de câncer de mama nas mulheres pré e pós-menopausa.
09 – História Familiar de Câncer;
Mutações nos genes p53, BRCA-1 e BRCA-2 estão associados com predisposição genética de câncer de mama.
10 – Dieta Alimentar;
Acredita-se que o conteúdo de gordura saturada da alimentação esteja diretamente relacionada com o câncer de mama. A gordura de origem animal está carregada de contaminantes, mas só de pesticidas e agrotóxicas e hormônios que são em sua maioria substâncias lipossolúveis e portanto concentram-se no tecido adiposo do animal. Na realidade não é a gordura animal que aumenta o risco ´para essa doença é o que está na gordura. A alimentação deve ser rica em grãos, legumes, frutas frescas e vegetais folhosos.
11 – Obesidade;
Sabemos que a nossa gordura tem capacidade de produzir estrogênios a partir de outros hormônios. Quanto maior a quantidade de gordura, maior o risco. Além disso, a obesidade interfere muitas vezes a ovulação, fazendo com que a mama fique sem a proteção de progesterona. O tecido adiposo metaboliza mal os estrogênios, produzindo uma quantidade maior de 16 a OH estrona16a(OH estrona é um hormônio metabolozado pelo tecido adiposo que super-estimula as células dos ductos mamários contribuindo para maior incidência de câncer, somado a isto a maioria das mulheres obesas apresentam hiperinsulinismo, o que reforça o problema)
12 – Fatores Emocionais;
13 – Exposição Ambiental:
13.1 – Agrotóxicos
13.2 – Radiação
A ligação entre radiação e câncer de mama é muito forte. Milhares que sobreviveram às bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, tiveram alta incidência de câncer de mama principalmente o grupo mais jovem. Outra evidência dessa ligação envolve o uso da radiação na medicina. No passado a radiação era usada não só para diagnóstico quanto tratamento de diversas doenças com resultados desastrosos, aumentando o risco de câncer, principalmente em fase precoce da vida como, a radiação do timo do recém-nascido e crianças submetidas a fluoroscopia. Radiação do couro cabeludo para tratamento de fungos radiação do tórax para tratamentos de Hodgkin.
13.3 – Produtos Químicos
13.4 – Poluição
Pessoas mais expostas a poluição do ar estão mais expostas a mutações genéticas, como demonstrado em um trabalho com animais de laboratório.
Cada um desses fatores de risco têm sido fontes de intensas pesquisas, com extensa literatura, sendo assim que procura-se elucidar o modo como cada um influencia a criação de um tumor, ou a interelação entre eles, tornando-se mais complexo o seu estudo. A etiologia do câncer de mama envolve uma interação de diversos fatores de risco, o que dificulta um estudo mais adequado, pela dificuldade em se isolar um único fator e calcular sua verdadeira contribuição.
APONTE, Z. Epidemiologia Del Cancer de Mama. Supercourse. Universidad de Puerto Rico. Ciencias Medicas.
COSTANZO, L. S. Fisiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.
OLIVEIRA, O. L. R.; CARNEIRO, P. C. A., SALES FILHO, R.; OLIVEIRA, D. P. Câncer de mama em mulheres jovens: aspectos epidemiológicos. Revista da Sociedade Brasileira de Cancerologia. n. 5. p. 41-44. set 1999
HORTOBAGYI, Gabriel N. Treatment of breast cancer. Cancer Center. The New Englande Journal of Medicine. V. 339, n. 14, p. 974-984, 1998.
VITAL, Odilza. Como prevenir o câncer de mama. 2003.
ZAVARIZ, Andreia. Análise da distribuição epidemiológica do câncer de mama nos municípios de vitória e vila velha - ES. Universidade Federal do Espírito Santo. 2003.